2 de mar. de 2016

Ler nos torna Mais Felizes



-  Emma Rodríguez  -  2 FEV 2016
“A leitura nos torna mais felizes e nos ajuda a enfrentar melhor a nossa existência. Os leitores vivem mais contentes e satisfeitos do que os não leitores, e são, em geral, menos agressivos e mais otimistas”. A afirmação é dos responsáveis por uma análise efetuada recentemente pela Universidade de Roma III a partir de entrevistas com 1.100 pessoas. Aplicando índices como o da medição da felicidade de Vennhoven e escalas como a Diener para medir o grau de satisfação com a vida, os pesquisadores chegaram a essas conclusões, que demonstram, como afirma Nuccio Ordine, autor do manifesto A Utilidade do Inútil, que “alimentar o espírito pode ser tão importante quanto alimentar o corpo”. E que precisamos, bem mais do que se imagina, dessas experiências e conhecimentos que não se traduzem em benefícios econômicos.
Como nos sentimos e quais mudanças experimentamos ao mergulhar em uma história? Há um efeito transformador? Os protagonistas das ficções nos levam a que enxerguemos as nossas contradições e nossos desejos? Fazem com que nos recordemos de coisas essenciais, talvez esquecidas?
A ciência possui cada vez mais recursos para responder a essas perguntas. Artigos publicados em revistas especializadas expõem resultados de ressonâncias magnéticas que revelam a alta conectividade que se estabelece no sulco central do cérebro, região do motor sensorial primário, e no córtex temporal esquerdo, área associada à linguagem, enquanto lemos um livro e depois de acaba-lo.
O estresse se reduz e a inteligência emocional sai ganhando, assim como o desenvolvimento psicossocial, o autoconhecimento e o cultivo da empatia, segundo uma equipe de neurocientistas da Universidade de Emory, em Atlanta, que monitoraram as reações de 21 estudantes durante 19 dias seguidos. A leitura pode até mesmo alterar comportamentos por meio da identificação com os protagonistas das histórias lidas, defende Keith Oatley, romancista e professor de Psicologia Cognitiva da Universidade de Toronto.
“É muito custoso, para nós, colocarmo-nos no lugar do outro no dia a dia, mas quantas vezes já não nos colocamos na pele de um personagem de romance? Criamos uma empatia com ele, e isso nos ajuda a compreender melhor os sinais emitidos pelos outros”, argumenta Antonella Fayer, psicóloga e coach especializada no desenvolvimento de liderança, para quem “as lições sobre dilemas morais e emocionais que encontramos na literatura são necessárias para todas as pessoas, e muito especialmente para líderes e políticos, que estão convencidos de que não têm tempo. Atuam, avaliam e fazem discursos, mas seria conveniente para eles mesmos se conseguissem parar um pouco e fazer leituras para melhorar a sua compreensão dos outros”, assinala Fayer, fazendo uma alusão às palavras de Alan Brew, ex-editor do Financial Times: “Ler os grandes autores faz de você uma pessoa mais bem preparada para tomar decisões criativas, interessantes e educadas”.
O convencimento quanto aos benefícios gerados pela leitura é o que move a School of Life, um centro londrino de biblioterapia que prescreve livros para ajudar na superação de conflitos (rupturas, disputas...). Como diz o filósofo Santiago Alba Rico, autor de Leer con niños (Ler com crianças), um ensaio que estimula nos pais o prazer de compartilhar histórias com seus filhos, a leitura, como a paixão, é um “vício virtuoso”. Quando conhecemos o bem que ela nos proporciona, não conseguimos deixar de praticá-la. Voltemo-nos, portanto, para a literatura, como convidava Cortázar, “como se vai aos encontros mais essenciais da existência, como se vai ao encontro do amor e às vezes da morte, sabendo que fazem parte de um todo indissolúvel e que um livro começa e termina muito antes e muito depois de sua primeira e de sua última página”.

30 de ago. de 2010

A cultura do “jeitinho” - Aline Durães
No último mês, um episódio reacendeu o debate sobre a corrupção no Brasil. A morte de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, atropelado enquanto andava de skate num túnel interditado na Gávea (Rio de Janeiro), causou comoção nacional, além de colocar em evidência a cultura da propina, muito presente nas relações sociais brasileiras.
Depois do acidente, o atropelador do jovem, Rafael Bussamra, de 25 anos, foi interceptado por uma viatura policial na saída do túnel. Apesar de as condições do carro indicarem o ocorrido, os policiais liberaram o veículo. Posteriormente, o pai de Rafael admitiu que os agentes exigiram R$ 10 mil para desfazer a cena do acidente e liberar o atropelador.
Episódios de corrupção ativa e passiva são comuns nas grandes cidades do país. O “jeitinho” se eternizou como uma forma de o brasileiro resolver questões sem enfrentar as penalidades previstas em lei. Mas como esse comportamento afeta a vida pública no Brasil? Em que medida o cidadão é responsável pela corrupção que permeia as instituições? Para responder a essas questões, entrevistamos Karina Kuschnir, professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ:

-O suborno ocorre quando a própria sociedade não acredita nas suas instituições: no Judiciário, no Executivo e no Legislativo. Quando prevalece a "cultura do jeitinho", já dizia o antropólogo Roberto DaMatta, é porque a lei só serve para os "inimigos". Isto é, a possibilidade do suborno evidencia uma descrença na legalidade, nos códigos da cidadania universal, na possibilidade de todos cumprirem direitos e deveres como cidadãos.
Infelizmente, poucos crimes no Brasil são punidos de forma exemplar. Nem sempre punir bem significa colocar um indivíduo na cadeia: restituir com multas os valores roubados ou cumprir penas alternativas de grande visibilidade são punições que poderiam ser mais bem utilizadas no Brasil. A impunidade é mais grave ainda quando os crimes são cometidos por ocupantes de cargos públicos, que lesam toda a sociedade brasileira não apenas financeiramente, mas também no sentido moral.
Todos os participantes têm responsabilidade num ato de corrupção. Importante destacar que as grandes mudanças na sociedade só acontecem com a melhora da educação pública em todos os níveis (infantil, fundamental, médio e superior). Também é preciso melhorar os serviços públicos de modo geral, especialmente aqueles que atingem a grande maioria da população que ainda não tem acesso a direitos básicos como saúde, transporte e saneamento.
É fundamental que a população perceba nos agentes públicos uma vontade política de punir as transgressões, a improbidade administrativa, os desvios financeiros etc. Finalmente, destaco a importância da transparência na informação, através da internet, sobre todos os atos do poder público: esta é uma grande ferramenta para melhorar a fiscalização por parte de toda a sociedade sobre os gastos do seu próprio dinheiro. Esse tipo de evolução já aconteceu, por exemplo, com o sistema do INSS, que era um tormento para os brasileiros e, hoje, embora esteja longe de ser perfeito, já avançou muito em termos de qualidade, por permitir consultas on-line, agendamento de serviços e agilidade na emissão de documentos e benefícios. Se o serviço é eficaz por que o cidadão pensaria em corromper um funcionário público?

5 de abr. de 2010

Trecho adaptado do diálogo Teeteto, de Platão, a partir da passagem III

Personagens: Sócrates, Teodoro e Teeteto

III — Sócrates — Pois então, amigo Teeteto, chegou a hora de te exibires e eu de
examinar-te. Convém saberes que Teodoro já me fez o elogio de muita gente, assim
estrangeiros como Atenienses, porém nunca em termos tão calorosos como agora mesmo a teu respeito.
Teeteto — É desvanecedor, Sócrates, se não se tratar de alguma brincadeira.
Sócrates — Não é do feitio de Teodoro. Porém não quebres teu compromisso, sob o
pretexto de que ele quis pilheriar, para não o obrigarmos a depor. Bem sabes que ninguém o recusaria como testemunha. Reveste-te de confiança e não desfaças tua promessa.
Teeteto — É como terei de proceder, se pensas desse modo.
Sócrates — Dize-me o seguinte: não é verdade que estudas geometria com Teodoro?
Teeteto — É.
Sócrates — E também astronomia e harmonia e cálculo?
Teeteto — Pelo menos, esforço-me nesse sentido.
Sócrates — Eu também, jovem; com ele e com quem mais eu considere competente nesses assuntos. Não obstante, dado que eu apanhe regularmente bem semelhantes questões, há um ponto insignificante que eu desejaria examinar contigo e estes aqui. Dize-me o seguinte: aprender não significa tornar-se sábio a respeito do que se aprende?
Teeteto — Como não?
Sócrates — Logo, é pela sabedoria, segundo penso, que os sábios ficam sábios.
Teeteto — Sem dúvida.
Sócrates — E isso difere em alguma coisa do conhecimento?
Teeteto — Isso, quê?
Sócrates — Sabedoria. Não se é sábio naquilo que se conhece?
Teeteto — Como não?
Sócrates — Então, é a mesma coisa conhecimento e sabedoria?
Teeteto — Sim.
Sócrates — Eis o que me suscita dúvidas, sem nunca eu chegar a uma conclusão
satisfatória: o que seja, propriamente, conhecimento. Será que poderíamos defini-lo? Como vos parece? Qual de nós falará primeiro?
“Quem errar ou atrapalhar-se,
Como burro irá assentar-se”,
à maneira do que dizem as crianças no jogo de bola; quem não cometer nenhum erro, será rei e ficará com o direito de apresentar-nos as perguntas que entender. Por que não respondeis? Espero, Teodoro, que o meu amor às discussões não me torne importuno, pelo desejo de estabelecer entre nós um diálogo capaz de deixar-nos íntimos e apertar mais os laços de amizade.
Teodoro — De nenhum jeito, Sócrates, chegarás a ser importuno. Porém pede a um destes meninos que te responda, pois não estou habituado a esse tipo de conversação e já passei da idade de aprender. Tudo isso fica bem para eles, que só terão a lucrar; quando se é moço, tudo é fácil. Porém, uma vez que já começaste, não largues Teeteto, interroga-o.
Sócrates — Ouvistes, Teeteto, o que disse Teodoro? Creio que não pensas em desobedecer-lhe, além de não ficar bem a um jovem, em assuntos dessa natureza, não acatar as prescrições de um sábio. Cria coragem, pois, e responde à minha pergunta: No teu modo de pensar, que é conhecimento?
Teeteto — Terei de obedecer, Sócrates, uma vez que o ordenais. De qualquer forma, se eu cometer algum erro, vós ambos me corrigireis.
IV — Sócrates — Perfeitamente; no que for possível.
Teeteto — Então, a meu parecer, tudo o que se aprende com Teodoro é conhecimento, geometria e as disciplinas que enumeraste há pouco, como também a arte dos sapateiros e a dos demais artesãos: todas elas e cada uma em particular nada mais são do que conhecimento.
(...)
Sócrates — Mas o que te perguntei, Teeteto, não foi isso: do que é que há conhecimento, nem quantos conhecimentos particulares pode haver; minha pergunta não visava a enumerá-los um por um; o que desejo saber é o que seja o conhecimento em si mesmo. Será que não me exprimo bem?
Teeteto — Ao contrário; exprimes-te com muita precisão.
Sócrates — Considera também o seguinte: se alguém nos perguntasse a respeito de alguma coisa vulgar e corriqueira, por exemplo: o que é lama, e lhe respondêssemos que há a lama dos oleiros, a dos construtores de fornos e a dos tijoleiros, não nos tornaríamos ridículos?
Teeteto — É provável.
Sócrates — Para começar, por imaginarmos que nosso interlocutor compreende o que dizemos quando falamos em lama, muito embora acrescentemos que se trata da lama de fabricantes de bonecas ou a de qualquer outro artesão. Ou achas que alguém entenderá o nome de alguma coisa, se desconhece sua natureza?
Teeteto — De forma alguma.
Sócrates — Não compreenderá, pois, o conhecimento do sapateiro quem não souber o que seja conhecimento.
Teeteto — Sem dúvida.
Sócrates — Logo, não compreenderá a arte do sapateiro nem qualquer outra arte, quem não souber o que seja conhecimento.
Teeteto — Exato.
Sócrates — É, por conseguinte, ridícula a resposta de quem é perguntado o que seja
conhecimento, sempre que acrescenta o nome de determinada arte. Falou em conhecimento de alguma coisa; porém não foi isso que lhe perguntaram.
Teeteto — Realmente.
Sócrates — Em segundo lugar, embora pudesse dar uma resposta simples e curta, fez um rodeio de nunca mais acabar. Assim, quando perguntado a respeito de lama, poderia ter respondido por maneira trivial e simples, que lama é terra molhada, sem dar-se ao trabalho de dizer quem a emprega.
(...)
Teeteto — No entanto, Sócrates, a questão por ti apresentada a respeito do conhecimento, não saberei resolvê-la (...) Do que se colhe que, mais uma vez, Teodoro não falou a verdade.
Sócrates — Como? Se ele te houvesse elogiado por correres bem, afirmando nunca ter encontrado entre os moços quem te vencesse na carreira e, depois, nalguma competição fosses vencido por um homem feito e de pés velozes achas que seu juízo teria sido menos verdadeiro?
Teeteto — Não, decerto.
Sócrates — E agora, parece-te que descobrir o conhecimento tal como o apresentei há pouco, seja tarefa secundária e não um tema da mais alta responsabilidade?
Teeteto — Não, por Zeus; é dos mais difíceis.
Sócrates — Sendo assim, readquire a confiança em ti próprio e não desfaças no testemunho de Teodoro, esforçando-te quanto puderes para encontrar a explicação das coisas, principalmente do que venha a ser conhecimento.
Teeteto — Quanto a esforçar-me, Sócrates, podes ficar tranqüilo.
(...)
Teeteto — Convém saberes, Sócrates, que já por várias vezes procurei resolver essa
questão, por ter ouvido falar no que costumas perguntar sobre isso. Porém não posso convencer-me de que cheguei a uma conclusão satisfatória, como nunca ouvi de ninguém uma explicação como desejas. Apesar de tudo, não consigo afastar da idéia essa questão.
Sócrates — São dores de parto, meu caro Teeteto. Não estás vazio; algo em tua alma deseja vir à luz.
Teeteto — Isso não sei, Sócrates; só disse o que sinto.
Sócrates — E nunca ouviste falar, meu gracejador, que eu sou filho de uma parteira famosa e imponente, Fanerete?
Teeteto — Sim, já ouvi.
Sócrates — Então, já te contaram também que eu exerço essa mesma arte?
Teeteto — Isso, nunca.
Sócrates — Pois fica sabendo que é verdade; porém não me traias; ninguém sabe que eu conheço semelhante arte, e por não o saberem, em suas referências à minha pessoa não aludem a esse ponto; dizem apenas que eu sou o homem mais esquisito, do mundo e que lanço confusão no espírito dos outros. A esse respeito já ouviste dizerem alguma coisa?
Teeteto — Ouvi.
(...)
VIII — Volta, pois, para o começo, Teeteto, e procura explicar o que é conhecimento. Não me digas que não podes; querendo Deus e dando-te coragem, poderás.
Teeteto — Realmente, Sócrates, exortando-me como o fazes, fora vergonhoso não esforçar-me para dizer com franqueza o que penso. Parece-me, pois, que quem sabe alguma coisa sente o que sabe. Assim, o que se me afigura neste momento é que conhecimento não é mais do que sensação.
(...)
Sócrates — E se alguém te perguntasse: Com que o homem vê o branco e o preto e com que ouve o agudo e o grave? penso que lhe responderias: com os olhos e com os ouvidos.
Teeteto — Certo.
Sócrates — Reflete um pouco, para dizer qual é a fórmula mais certa: Vemos com os olhos, ou por meio dos olhos? e Ouvimos com os ouvidos, ou por meio dos ouvidos?
Teeteto — Quer parecer-me, Sócrates, que é por meio dos órgãos, não com eles, que
percebemos alguma coisa.
Sócrates — Seria absurdo, menino, se uma quantidade enorme de sensações estivessem apinhadas dentro de nós como num cavalo oco de pau, sem se relacionarem com uma única idéia, ou seja a alma ou como te aprouver denominá-la, ponto de convergência delas todas,
por meio da qual, usada como instrumento, percebemos todo o sensível.
Teeteto — Essa explicação me parece mais certa do que a outra.
Sócrates — A razão de eu exigir em nosso diálogo tamanha precisão, é para sabermos se não há em nós um princípio, sempre o mesmo, com o qual, por meio dos olhos, atingimos o branco e o preto, e, por meio de outros órgãos, outras qualidades, e se, interrogado, poderias relacionar tudo isso com o corpo. Mas talvez seja melhor que a resposta parta de ti mesmo, em vez de eu formulá-la com tanto trabalho. Dize-me o seguinte: os órgãos por intermédio dos quais sentes o quente e o seco, o leve e o doce, tu os localizas no corpo ou noutra parte?
Teeteto — Em nada mais, se não for no próprio corpo.
Sócrates — E não quererás, também, admitir que tudo o que sentes por meio de uma faculdade não podes sentir por meio de outra? Assim, o que é percebido por meio dos olhos não o será pelos ouvidos, e o contrário: o que percebes pelo ouvido, não perceberás pelos olhos.
Teeteto — Como não hei de querer?
Sócrates — E no caso de conceberes, ao mesmo tempo, alguma coisa por meio desses dois sentidos, não poderás ter alcançado essa percepção comum nem só por meio de um nem por meio do outro.
Teeteto — De jeito nenhum.
Sócrates — E a respeito do som e da cor, não admites, inicialmente, que ambos existem?
Teeteto — óbvio.
Sócrates — E também que cada um difere do outro, mas é igual a si mesmo?
Teeteto — Como não?
Sócrates — E que juntos são dois, e cada um em separado é apenas um?
Teeteto — Isso também.
Sócrates — E a semelhança ou dissemelhança entre eles, não és também capaz de
investigar?
Teeteto — Talvez.
Sócrates — E por meio de que percebes tudo isso a respeito de ambos? Só por meio da vista ou só por meio do ouvido é que não poderás apreender o que apresentam de comum. Aí vai uma outra prova, em reforço do que dissemos. Se fosse possível determinar até que ponto eles são ou não são salgados, saberias dizer-me por meio de que faculdade os examinarias? Não haveria de ser nem com a vista nem com o ouvido, porém com algo diferente.
Teeteto — Sem dúvida: a faculdade que tem por instrumento a língua.
Sócrates — Muito bem. Mas, por qual órgão se exerce a faculdade que te permite conhecer o que há de comum a todas as coisas e às de que nos ocupamos, para que de cada uma possas dizer que é ou não é, e tudo o mais acerca do que há pouco te interroguei? Para isso tudo, que órgão quererás admitir, por meio do qual perceberá as coisas o que em nós percebe?
Teeteto — Referes-te a ser e a não-ser, semelhança e dissemelhança, identidade e diferença, e também à unidade e aos mais números que se lhe aplicam. Evidentemente, tua pergunta abrange, outrossim, o par e o ímpar e tudo o mais que lhes vem no rastro, desejando tu saber por intermédio de que parte do corpo percebemos tudo isso, direi: com a alma.
Sócrates — Acompanhas-me admiravelmente bem, Teeteto; foi isso exatamente o que perguntei.
Teeteto — Por Zeus, Sócrates; não sei como responder, salvo dizer que se me afigura não haver um órgão particular para essas noções, como há para as outras. A meu parecer, é a alma sozinha e por si mesma que apreende o que em todas as coisas é comum.

* Para ver o texto completo, acessar http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/teeteto.pdf

5 de fev. de 2010

"Aquele que reconhece o valor de alguém pelas batalhas que enfrenta, e não pelo que aparenta, jamais será preconceituoso. Da mesma forma, quem percebe que cada um de nós tem o desafio de admitir e afirmar a própria singularidade diante do mundo não faz a crueldade de humilhar alguém por causa disso." Luis Carlos de Menezes - Físico da USP